quinta-feira, 26 de agosto de 2010

No Alvo?


Foram necessários 90 anos para que o Brasil voltasse a ter um medalhista olímpico no tiro. Quem fez história foi o garoto Felipe Wu de apenas 17 anos, ele levou a medalha de prata na prova da pistola de ar de 10 metros, nos Jogos Olímpicos da Juventude, disputada em Singapura. Antes dele, as últimas medalhas tinham sido nos Jogos da Antuérpia, de 1920!

Quem recebe a notícia assim, pode achar que o nosso país vem desenvolvendo políticas para incentivar a prática esportiva entre nossos jovens, que estamos pensando no futuro, afinal, Felipe tem apenas 17 anos, imagina ele nos jogos do Rio-2016? Mas imagina se ele desiste do esporte?

Pois é isso que pode acontecer até lá. E imagine quantos jovens talentos perdemos todos os anos por pura falta de apoio, porque a história de Felipe é de garra e vontade, e sua vontade pode mudar logo logo.

Mesmo seu técnico dizendo que ele tem tudo para ter um grande futuro no tiro esportivo, com capacidade até de ser um medalhista olímpico adulto, isso tudo não depende apenas da vontade dele, é preciso apoio, que até agora em sua curta carreira, tem sido miníma. Até os Jogos do Rio, poderemos ver Felipe construindo aviões, é isso mesmo.

Felipe é paulista. O tiro está na sua família, seus pais praticam o esporte, foi assim que ele começou e era assim que estava até pouco tempo atrás. São Paulo não tem um estande de tiro de padrão olímpico, Felipe treinava, e ainda treina, em sua casa, em um estande improvisado com o alvo a 8 metros de distância, dois a menos que o oficial. Como pode a maior cidade do país não ter estrutura de treino para esse esporte, cadê o apoio? O pensamento no futuro?

Ele simplesmente não existe, isso porque o único estande olímpico no Brasil fica no Rio de Janeiro, e só porque tivemos lá o Pan em 2007, senão nem isso. E a sorte é que Felipe é paulista, o Rio está logo ali. Mas ele pouco usa o local.

Na verdade começou a utiliza-lo há apenas 5 meses, quando conseguiu a classificação para os Jogos de Singapura. É isso mesmo, ele conseguiu a classificação para um evento olímpico treinando em casa, após isso é que o COB começou a disponibilizar viagens períodicas ao Rio para o garoto poder treinar.

Mas ele não pode ir todo dia até lá treinar. As viagens ainda atrapalham os seus estudos, ele quer prestar Engenharia Aeronáutica. O vestibular é difícil, é preciso dedicação, por isso ele pode acabar largando o esporte. Em 2016, Felipe pode estar se formando Engenheiro com um belo salário.

Culpa dele? Claro que não. Como competir assim?

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