Confesso. Pensei muito sobre o que escrever hoje, e se ia escrever. A ansiedade pelo jogo de logo mais a noite aumenta a cada minuto. Mas soube de uma notícia que não podia passar em branco.
Quem não se lembra de Sabotage? Talvez tenha sido o melhor rapper que o Brasil conheceu, letras fortes, sobre drogas, criminalidade, a vida na favela. Se mostrou também um bom ator, contracenou com Paulo Miklos, ambos músicos e esteantes na arte de atuar, no filme "O Invasor" de 2001. Os dois mandaram muito bem. Participou também de "Carandiru", filme que só foi lançado após sua morte, em janeiro de 2003.
Sabotage sempre dizia que o rap é que o tinha salvado. Não escondia que teve envolvimento com tráfico quando mais jovem, tinha passagens pela polícia, duas na verdade. Sua morte mostrou que realmente a vida do crime não tem volta.
Morreu assassinado com quatro tiros a queima-roupa, logo após ter deixado sua mulher no trabalho. Foi vítima de um acerto de contas, de uma disputa por um ponto de tráfico em uma favela da zona sul de São Paulo ocorrida anos antes. O rap ainda não tinha entrado na sua vida. Pagou caro. O crime não compensa, porque mesmo com o sucesso, seus antigos inimigos não o esqueceram, só esperararam um momento oportuno para vingar uma briga de anos atrás.
Mataram não apenas um homem, mas também um pouco da arte de rua brasileira. Mas ele está em um bom lugar.
Hoje, sete anos após o crime, Sirley Menezes da Silva, o assassino do rapper, começa a ser julgado no fórum da Barra Funda pelo crime cometido. Ainda estava ressentido por Sabotage ter montado uma boca-de-fumo na favela em que era o comandante. Essa disputa data de pelo menos cinco anos antes do assassinato. Ele provavelmente escutava também as músicas de Sabota e deveria se remoer de raiva e inveja.
Agora espero que ele também vá para um bom lugar.
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